quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Coração virtuoso

A cauda do elefante

A todo e qualquer tempo no universo
Levaria o tempo de uma eternidade
Só para poder mais uma vez segurar a sua mão
Doce cauda de elefante
Eu vi meu mundo todo desabar e renascer
Só por um segundo eu não pude mais falar

E então surgiu você
Intrigante, entre nuvens flutuantes
Meu coração era o céu, sabe?
Eu não consegui mais me segurar
Era muita energia para um corpo só
Era muita luz para um dia só

O sol se retirou por compaixão

Havia sutis caracóis
Desenhados em suas costas
Como espirais que te envolviam e te engoliam
E eu assisti a tudo isso
Da distância do meu mundo
Só para não atrapalhar o processo

Você linda demais
De um jeito só seu
Que eu juro respeitar
Mas eu tento fugir
Porque perco a força em minhas pernas quando você chega

E eu não saberia explicar
Mas você então vem e faz tudo ficar diferente
Como se nada tivesse sido plantado antes
Como se nenhuma língua antes tivesse sido falada
Até você respirar e começar a sorrir

Hoje sou seu rei
Mas moro na rua dos meus pensamentos
Temo os buracos que beiram as esquinas
E me sinto livre sempre que posso escutar sua voz
Minha doce, suave menina...

Eu só queria experimentar essa lisergia toda só mais uma vez...

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ouço o barulho do mar e vejo você saindo de dentro dele

Riscos

Eu aqui, deste lugar em que posso te olhar melhor
Longe de toda interferência
De toda a força que você faz pra nos manter longe uma da outra
Como se a distância imposta por você realmente nos afastasse
E eu realmente agradeço a Deus nos dias em que acordo sem
Sentir o quanto eu gosto de você
Porque é tão confuso
Que eu já enlouqueci três vezes desde que te conheci
Até hoje me vejo fazendo coisas
Que as pessoas mais apaixonadas ainda não experimentaram
Estou jogando moedinhas em uma fonte imaginária
Te pedindo de presente no meu aniversário
Mas seria um presente tão caro
Que o meu coração tão pobre
Não sabe se poderia pagar
Porque conquistar você demanda muita riqueza
Eu fali algumas vezes tentando fazer você me olhar de verdade
Você realmente foge de tudo o que eu trago dentro de mim
Porque o fogo que se põe aqui dentro
Te queima mesmo a distância
Você chega perto de mim em brasas
Porque eu sei como queimar você
E assim, nosso coração
Vai virando carvão
Enegrecendo
Perdendo tudo
Ganhando tudo
E você me empurrando para longe de você
Da sua vida
E eu sempre te procuro nos lugares
Porque acho que no fim da noite
Eu serei aquela que vai te salvar
Dos riscos que você mesma
Preferiu correr
E além do mais
Eu sei o que te aflige
O que te atinge
E agora só temos o que recebemos
Mas perdemos muita coisa pelo caminho
Você me entende
Estamos numa jangada
Que está nos levando para o infinito
E você prefere ficar porque ir longe demais
Pode não ter volta
E no infinito ninguém pode te tirar de mim
Sabemos tão bem
Que corremos os riscos os riscos
De não nos arriscamos
E riscamos todas as chances
Nos perdemos demais
Perdemos para os riscos
Eu me arrisco
E você corre
Sem olhar pra trás
Onde eu estou
Te chamando
Pedindo pra ficar
Você faz seu coração bater mais devagar
Pra não sentir a minha energia tomando seu corpo
Estou no meio do caminho
E você já se foi
Pra qualquer lugar
Qualquer lugar que eu não possa entrar
Mas você vai até a janela
Me ver passar
Porque sabe que eu vou te achar
Então enquanto o tempo passa
O mundo muda
Vou vivendo para mim
Te deixando no ostracismo
E pedindo a Deus que eu permaneça amanhecendo assim,
Sem lembrar de como é te sentir
Porque às vezes é tóxico demais

E eu te dei o que você quis 

sábado, 15 de junho de 2013

Guarda-roupas particular

Nunca se sabe então
Quando será a última vez
O frio vai percorrendo a espinha
Deixando seus rastros de medo
De sentidos não usados por corpos
Que se disfarçavam de algemas
Traída ilusão
Vontade de não se deixar separar mais
Invisível liberdade
Decaídas em versos
Múltiplas facetas e o espírito em desordem
Você sem juízo
Acenando e sorrindo pra mim
Como quem já sabe o fim da história
No meio do milharal
E foi lá que te amei pela primeira vez em sonho
Te despi e coloquei tuas vestes em meu guarda-roupas particular
Alinhei nossas ideias
Amarrei nossas costas
E uni nossos seios
Lhe penetrei pelo meio
Cacei teu fundo
Capturei teu recheio
Hoje sinto teu mais puro gosto
O teu suprassumo saboreio
Foi só um dia de loucuras
Foi um dia de veraneio
Belas curvas encontrei em tuas estradas
Minhas vaidades tão turvas
Me fizeram me identificar em tuas entradas
Enverguei meus caprichos
Acenei para a covardia
Você não viu
Sentei sobre a calçada dos apaixonados
E desenhei mil corações abandonados
Voando sem destino
Presos a sentimentos que já haviam partido fazia tempo
Enviei ao mundo minha resposta
Continuei indiferente aos casulos emocionais que se abrigavam em minha alma
Quis ser só tua
A ponto de não ter mais pelo que existir
Quis me dar nua
Pra que você não pudesse mais resistir



quinta-feira, 13 de junho de 2013

Então, ela é linda, me lembra rios de flores perfumadas que se jogam suavemente sobre minha cama, afim de fazer amor comigo até que eu perca as minhas forças. Ela me chama de amor, e eu despejo sobre a mesma, a minha máxima concentração de vida, desejo, meus intervalos de loucura, meu prazer e o que eu joguei fora das minhas temporadas de solidão. Meu inverno sutil e frio, minha primavera de flores vivas de Amsterdã, meu outono de eucaliptos e meu verão de brasas e magmas.
Ela mostra para mim a dimensão de literatura que nem os grandes poetas, romancistas e dramaturgos poderiam escrever. Nos olhos dela e na ponta de seus dedos, ela vê e tateia em alto relevo as minhas cartas, meus versos, minhas poesias que vagam e divagam sob minha pele, e que se misturam às minhas veias na intenção de seguir até meu coração.
Bebo sua vida nas breves poças que ela derrama em minha boca. Ela hidrata a minha sede, a minha necessidade por diversão, vida, afeto, proteção. A loucura dela me fortalece, me da a espera, a continuidade. Não vejo o que vem de dentro daqueles olhos que lançam a mim seus mistérios. O seu olhar é um trabalho de parto, ela pare pelos olhos e deles nascem a expressão mais linda que já vi.
Quando mergulho naquele lago de palavras que não estão preparadas para serem ditas, eu deixo a correnteza me levar, pois sei que de alguma forma perversa e visceral, irei parar dentro de seu túnel, de seu corpo, darei volta em torno de coração, para quem sabe assim, um dia ela me convidar para entrar.
A lua que nos olha, lança um fogo que queimaria até o sol, pois nós duas somos astros e rainhas, somos maiores e mais intensas. Engolimos as certezas e desperdiçamos o tempo para que ele se nivele a nós.
Cantamos canções que ainda nem sequer foram escritas, conhecemos o futuro, pois o farejamos de antemão. Nossa ligação é mais que cármica, é celular, estamos no mesmo grupo, na mesma viagem sem direção.
Não gosto de brincar com palavras que se levam a sério demais, pois elas seriam capazes de me cobrar atitudes e verdades que ainda não foram transcritas para o papel de nossa relação. Entretanto, o que vem de mim e sai, vai até ela e me beija, me lambe e me joga no chão, de joelhos, para que eu sacie sua libido, é aquilo que o mundo aprendeu a chamar de amor. O meu amor é meu, é dela, é nosso e ninguém jamais seria capaz de vê-lo, tocá-lo, senti-lo, porque ele é feito sob medida. Esse amor tem nossas cores, nosso DNA, nossa saúde, nossa arte, nossa morte.
Não a quero presa a mim, eu a quero livre em mim, para que sejamos uma só, sem misturas, apenas um fato, uma constatação infame, dispersa, lunática e vulgar.
Nossos arroubos exibem esferas que giram e nos encantam. Meus sentimentos de fraqueza vegetam e dormem nas mãos dela.
Somos colibris em voo livre, de mãos dadas e suadas. Nos desprendemos da realidade como libélulas e abraçamos o mundo como leoas.
Se posso viver com ela assim, que outro tipo de vida, poderia eu estar interessada em viver?

Essa resposta ainda não foi criada. 

domingo, 9 de junho de 2013

A flor

O que foi, flor?
Se deixou anoitecer por baixo desse manto negro?
Engoliu a poeira do tempo?
Ficou no ostracismo e agora quer falar de morte?
O que houve, flor?
Sentiu na ponta dos dedos os calos afetarem seu tato?
Vagou no frio do inverno da solidão?
Esperou nas horas um intervalo que lhe preenchesse os minutos?
Virou pétala sobre pétala
Quis murchar ao meio-dia, desceu sobre os braços de seus talos
Caiu em desgosto
Lançou ao mundo uma novidade. Gritou e reuniu a todos: chamou seu deus mor.
Pulsante gineceu que deu a vida outras cinquenta flores
Hoje está no extremo do abandono.
Livre sobre o pomar e sob o céu que joga as suas gotas de compaixão
Amou a derradeira, amou a inesquecível, amou a mim.
Transferida da dimensão dos loucos
Veio me encontrar e pedir abrigo.
Lhe evitei, fugi de seus olhos, mãos, garras e línguas.
Fui seduzida pelo canto, pela voz e pelo cheiro.
Ah, flor, por que veio parar aqui?
Como me encontrou?
Houve peregrinação da parte de suas raízes?
Onde ficou instalada em você a moral que lhe fez planta?
Vivia entre os caminhos agonizantes, em belos jardins artificiais.
Uma lágrima em forma de orvalho lhe escorreu ramo a baixo
Mudou seu entardecer e camuflou velhas feridas.
Espinhos que mal podados destruíram seu coração frouxo e desusado
Maquiada durante várias e intermináveis primaveras
Quis por fim ser bem-me-quer e mal-me-quer nas mãos de jovens românticos frustrados
Ousou cobiçar o suicídio e durante as ventanias espatifava suas doces pétalas no chão.
Foi ficando feia, foi envelhecendo e conhecendo a dor da falta de saúde.

E então não restou mais nada, mingou, dobrou-se e ressecada jurou ter conhecido o amor, Mas não soube responder quando o beija-flor veio lhe perguntar por que ela então havia morrido sozinha. Ela, flor calou-se para sempre e eu também. 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Quinquilharias suburbanas e fetiches lancinantes...



Destituída.
Desambiguada, concisa, mas absolutamente longe de entender as coisas que seguem assim.
Briguei com as palavras tentando buscar uma frase que me dissesse o que significa tanto tempo de silêncio, de discordância, de tanta distância, o vão que segue entre nós e se dilata, se encrespa e ferve por trás de nossas nucas.
Ainda sinto o vento frio que chega de você aos sábados de manhã.
Eu lembro que você não quis me abraçar, mas me abraçou mesmo assim e não conseguiu mais ser a mesma.
Toda carne, todo sacrifício que acorda e dorme conosco, plantam histórias que assustariam demônios. Ainda não aprendemos a lidar com nós mesmas e ficamos à margem da esquisitice.
Há um pote de sobriedade que é colocado todas as manhãs perto de sua cabeceira, para que você lave seus pés e se sinta capaz de começar seu dia limpa, de baixo para cima, assim, sentindo do chão o que não vem do céu.
Além de um mar de incoerências, conjecturas, suspeitas, especulações e dúvidas dos mais variados tipos, existe eu, avessa às tonalidades clichês que insistem em colorir o mundo.
Talvez por isso o mundo tenha me presenteado com você, a fim de me fazer adquirir ojeriza ao esquizofrênico, ao inveterado, incomum, irracional e bêbado.
Teu corpo ébrio, seus olhos de ressaca e sua voz lisérgica sempre me afastaram temporariamente da realidade inconsciente que sempre dormiu e fez amor comigo diariamente.
Minhas derrotas conversavam com meus farrapos toda segunda-feira pela tarde, enquanto eu fingia dormir e abraçava o lado abstrato da minha paz.
Havia um intervalo sutil que podia com pequenas dobras se limitar e trazer a mim tudo o que mais quisesse, menos você.
Foi quando então eu desisti de desejar, de cobiçar, pedir e querer manter a ânsia, a divindade de almejar pessoas.
Caí em mim, caí em ti, caí em nós e fui imediatamente engatinhando para o lugar mais seguro que encontrasse: meu passado empoeirado, cheio de correntes, hospedeiros, parasitas e vírus soltos pelo ar.
Não vi a alforria, eu vi as algemas de um calabouço meu e seu.
Variava de dia para dia, de semana para semana, mas no fim das contas era sempre a mesma coisa.
A contradição das evidências começavam quando jurávamos que não faríamos, que não seríamos e por fim acabávamos fazendo e sendo, sem querer.
A (in) voluntariedade de nossas ações no deixaram diante de feedbacks que nunca desejamos ter (talvez).
A lucidez mórbida que se jogava sobre nossos corpos e cabeças pensantes, se disfarçava de receio e assim, hesitávamos nossos impulsos sempre que nos encontrávamos atentas ao impacto de nossas colisões.
Vinte e quatro anos de estratégias falhas, frustradas decisões que por fim se desculpavam comigo pelos deletérios que causavam.
As massas que escorriam feito um líquido gelatinoso, vinham das beiradas da entrada de sua alma. Eu lembro que quis respeitá-la, mas quando lhe respeito, desrespeito a mim mesma e eu sempre preciso escolher por mim.
Ninguém lhe quer ali, mas você pega e vai. É bem assim.
Então lhe alcanço, seguro o seu braço com bruteza e lhe trago de volta ao seu lugar, que curiosamente também é extremamente próximo ao meu lugar.
O sexo une as pessoas e afasta as imortalidades.
A chave de todo o sangue e de todo o vício foi jogada na frente de libidos que ainda não sabiam ao certo a hora de se retirar.
A vergonha então quis dizer sua opinião e foi relevada.
O caso é que não houve mais intercessão. O mal já havia sido feito, cálices quebrados, dívidas impagáveis, olhos que de tão molhados esboçavam um verde limo e ciclos inesgotáveis.
Sentiu qual é a grande esfera do dragão, a bola de fogo que queima, incinera, carboniza as emoções?
Nós somos os dragões e destruímos tudo com nossos atos.
Será que haverá uma fênix? Uma ave que renasça do nada que deixamos, deste resquício de afeto?
Não posso ficar para saber a resposta, mas nos encontraremos no final.
Há uma luz que irá nos escolher e nos guiar até o fim.
Então fuja, suba, se esconda e não me conte onde está, pois se lhe encontrar antes da hora, você sabe que não vai conseguir evitar de estar mais uma vez comigo.
Somos feitas da mesma argamassa fajuta. Embarcamos em planetas e acenamos para satélites assim.  


Barricadas

Eu confesso que perdi o rumo a partir do momento
Em que me direcionei a você.
Bati violentamente nos seus muros de contenção
Nas barricadas e barreiras que serviam pra te proteger
E te deixar imune a contatos indesejáveis com pessoas como eu
Eu confesso que bebi meu próprio sangue na esperança de viver só pra mim,
Eternamente mergulhada só em minha essência e mais nada
Eu quis escrever cada palavra para que enfim pusesse o ponto final no último parágrafo
Do último capítulo
Mas você pegou minha mão, se sujou com a tinta da caneta e assinou seu nome em minha vida.
Eu corri milhas, léguas, eu corri cidades pra não perceber o que já estava tão claro para mim e para você.
E será que adianta brincar de pique-esconde às 18:12 de uma quinta-feira quente, no fim de tarde, em pleno outono?
Que carícias eram aquelas que chegavam juntas com suas mãos e dedos respectivamente?
O que se escondia por debaixo delas?
Eu lembro que era quase um sacrifício fingir não notar que eu já era ridiculamente sua,
Como quem não pediu pra nascer, mas se encantou pela vida assim que deu o primeiro suspiro e abriu seus olhos.
Eu me apaixonei por você em grande estilo e temerosa decadência.
Não fui capaz de me proteger, de subir para o mais alto que meus pés pudessem me levar.
Então caí de joelhos, desfaleci sobre teus pés e quis morar em teu ventre, pois lá era quente e já havia me cansado desses meus dias glaciais longe de você.
Onde eu quero chegar, você deve estar se perguntando, eu quero chegar a você, eu só quero chegar a você.
Não existe outra história, não existe outra razão, não existe mais nada. Há apenas o meu desejo, a minha vontade, há você e há nós duas, como servas e escravas de um destino que ainda não se resolveu, mas insiste em brincar com nossos sonhos e tece mantas infinitas de iniquidade com nossos cabelos que se prendem e se soltam sempre que o vento lhes envolve. Já não podemos padecer aos ramos da culpa, não podemos nos designar às vontades de quem nunca quis que fôssemos o que já somos, ou talvez quisesse, mas não nos avisou.
Há muita incerteza no absoluto, no fato consumado e em mim e em você. Somos qualquer coisa que não se explica e ainda usamos nomenclaturas vãs que nos fazem prisioneiras de nossos próprios caprichos, medos e inseguranças.
Nascemos para brindar o descabido, o sem uso, sem explicação. Nascemos para jogar sobre as cabeças o nosso veneno e mel que de tão doces, se confundem no sabor e efeito respectivamente.
Em meu coração fez-se um calo, deu-se um estalo. Você não viu? Abri a porta lateral da razão e deixei escapulir as rajadas de vento do meu desespero, da minha ânsia e assim em seguida, deixei escapar a minha fome de você.
Eu comi você, te devorei em seus traços, em seus brinquedos, em suas comédias, em seus pecados capitais.
Lambi suas vísceras, abracei seu colo, me fiz infame juntando suas veias às minhas.
Colori nossa plenitude. Deixei sangrar vazio o mundo que não estava pronto ainda para nos receber.
Amei você.
Quis me entregar, mas pisei no freio, pois duas entregas de uma vez, poderiam abalar estruturas de uma vida que já estava ruída.
Agora já passou.
O que havia de ser dito, foi regurgitado pelas entradas da minha garganta, pelo meu estômago atormentado e por algumas cavidades hiperativas do meu coração.
Aconteça o que acontecer, minha bela, nós somos livres para ir onde quisermos. Não há o que possa nos prender e eu te digo isso assinando a sua e a minha alforria.
Eu quero mergulhar no mar das certezas, sem ter que me afogar no rio da desilusão. Beberemos a água da fonte do esquecimento, mas por último vamos nos jogar no lago da memória.
Eu ainda não estou a fim de te esquecer e sinto que não foi pra isso que fui feita.
Meus desenhos começam e terminam nos movimentos de seus pequenos e indefectíveis dedos.
Estou ligada a sua energia e só apagarei uma vez que te puxem da tomada.
Só pulso quando você pulsa.
As linhas que demarcam as fronteiras dos meus territórios foram apagas e você me invadiu.
Estou sendo dominada, conquistada, agora já era.
Acabou-se.
Não mando mais em mim.
Foi bom enquanto eu tinha as rédeas de minha vida em minhas mãos.
Não posso mais me livrar de você uma vez que estou dentro de ti.
E eu aceito todo prazer e toda a dor.
É por uma causa.
É pela nossa causa.
Amor, eu já estou aqui. 

quarta-feira, 15 de maio de 2013


Sua estrela

Seus olhos estão me escondendo as suas vontades
Enquanto você se esforça pra me tirar dos seus pés
Eu me curvo e fico do tamanho do seu coração
Como quem se prepara para amanhecer na porta do céu
Eu quis te esperar para você seguir comigo
Pois não há mais nada se você não está comigo
Não há lugar onde eu possa ir se não estamos juntas
Eu precisava te ver hoje
Apenas para confirmar as minhas suspeitas
Agora já sei que te amo
Do alto de uma nuvem que passa sobre nossas cabeças
Lá em cima está o que eu quero te dar
A imensidão e a mansidão da minha vida
Meu perfume de amor
As cores que enfeitariam nosso altar
Eu vou embora para mais tarde voltar
Eu voltarei para te levar
Porque nossos olhos combinam
Nossas mãos se seguram
Nossos pés caminham
E eu não consigo querer mais nada
Não pode haver mais nada nesse mundo além nós
Entregues e soltas
Prontas para flutuar uma nos braços da outra
Eu disse que esperaria
Não consigo envelhecer te amando assim
Pois a cada dia me renovo
Você não vê?
A minha vontade é me transformar nos seus sonhos
Quero carregar o mundo numa mão e você na outra
Meu corpo é o melhor que eu posso dar
A minha vida será seu para-choque
Vou te proteger, meu amor
De todos os impactos
De todos os espinhos dos cactos
Viverei menos pra que você viva mais
Virarei estrela
Vou brilhar no seu céu
Você será sempre a mais bela
Você sempre será aquilo tudo que foi meu
Porque eu quis assim
E você também
Mesmo correndo para não querer...
Meu coração será seu paraquedas
Vai te segurar e te fazer voar
Pra que você nunca caia
Nunca caia
Nunca caia
E porque eu desejei assim 

terça-feira, 30 de abril de 2013

Gritos e sussurros fora da lei...

Sobre o que ninguém quer falar... 

Seguimentos estranhos, falhas, remendas e varizes na alma. Calma, estamos quase lá! Eis que de repente... Eu entendi tudo. Mas continuava sem saber muito bem qual era o meu papel, o nosso papel naquela história. 

Olha, não vou ficar aqui tentando quebrar minha cabeça, tentando montar peças de um quebra-cabeças que está longe de estar completo. Algo entre nós está faltando, está desaparecido, está perdido em algum lugar. Quem irá atrás dessas "peças"? Temos preguiça, lembra? Nosso fôlego é armazenado para outros tipos de atividades, você bem deve se lembrar... Como eu esqueceria, né? 

Certos contatos na minha opinião, nem sempre eram relevantes, entretanto, o grau de intensidade deles descreviam toda a situação de uma cena.: havia sangue, havia vítima, havia crime e havíamos nós, nuas, desfalecidas, empoeiradas, sujas, cansadas, unidas por um sentimento confuso, escuro, selvagem e maravilhoso. 

Me diz quando foi que nos conhecemos, eu gostaria de lembrar. Na verdade eu nunca me esqueci, mas gostaria de ouvir do seu ponto de vista. 
Bom, você vai dizer que foi casual, comum, banal até, mas sabemos que não foi, né? Qualquer coisa, menos banal. 
Fugimos uma da outra, mas nos buscamos nos detalhes e juramos para nós mesmas que não. E por que será? O que há de errado em seguir certas idéias? Sim, idéias, somos idéias, imaginação, devaneios, um sonho, pesadelo... Eu já não sei mais. 

Vamos falar de incoerência? Pois bem, não fazemos muito sentido e nos esfregamos nessa levada, seguimos o ritmo e nos alinhamos em volta de nossas cabeças, nossos punhos, nossas dimensões. 
Temos a culpa como a cabeça decapitada de alguém, que nos é entregue em uma bandeja de prata. Eu sinto, você sente, pegamos carona com o descompromisso, a falta de vontade, mas uma hora padecemos, nos entregamos, não resistimos mais. 

Havia algo guardado para nós, eu sei... Quando larguei a tua mão pela primeira vez, me vi rendida sem perceber, indo ao seu encontro, você estava me puxando com a boca e voltei a perdição da sua estrada. Na segunda vez em que larguei a sua mão, eu já estava aos seus pés, pois nem de pé eu conseguia ficar aquele momento, você sabe... Eu andava enfraquecida, doente, pueril e com traços de insanidade em meus olhos. 

Soltei as suas mãos várias vezes, mas continuei visivelmente atrelada às suas pernas, sim belas pernas! Só que depois de um tempo, o vício me cansou, a secura do deserto me entorpeceu, enfim segui meu rumo e virei dona de mim. Parecia um sonho, uma alegria fantasiosa, mas completa. Eu estava livre, livre, livre... Livre de você e de outras sanguessugas... Mas que destino cruel e implacável! Ele nos jogou na mesma cova, além de termos de enfrentar os mais de dez leões famintos que nos devorariam em segundos, tínhamos que lidar com a nossa própria fome uma da outra, com o desejo,  a ânsia, o impulso. E quem se seguraria por mais tempo? 
Não sei em que momento começamos a ceder à tentação da nossa libido, mas dessa vez alguma coisa ficou registrada, sabe? Alguma coisa se revelou, se abriu, se mostrou. Eu ainda era racional, ainda conseguia pensar antes de agir, mas com você de presente, eu realmente não sentia  necessidade de pensar em mais nada. 
Eu tive você assim, entregue, plena, sem censura, sem empecilhos, sem hesitar, sem se segurar. Você estava linda, solta, juvenil, parecia ter sido feita para caber em mim. Nos encaixamos profundamente e o fogo, a luz, o calor nos jogou para o vento...
Caímos da nuvem mais alta, da torre do prazer... Éramos o princípio da malícia, o desperdício do bom senso. 
Nos usamos tanto que quase nos desfizemos tamanha era a intensidade do nosso atrito. 
Colidimos nossas vontades, nos jogamos uma na outra sem misericórdia, sem piedade, apenas no ato, de quatro, por cima, por baixo, como deveria ser. 
Éramos fortes, potentes, enérgicas, eufóricas, nós nos espremíamos nos menores lugares e depois escorregávamos como se estivéssemos em um tobogã...
Caímos sobre a sua cama, sobre o seu sonho, o meu sonho, sobre tudo o que sabíamos de nós mesmas e nunca quisemos falar a respeito, pois éramos confidentes, tínhamos um pacto, tínhamos o que quiséssemos uma da outra, né?

Foi tão bonito, tão profundo, sem nexo, poético, visceral, qualquer coisa assim... E me deixei levar mais uma vez. Abri minha guarda, esqueci de me defender de você e fui nocauteada. Caí. 

 A minha queda não foi fatal, sabe? Eu já tive quedas piores. Na verdade foi um desequilíbrio, se é que você me entende. A gente se sente muito poderoso, no controle de tudo e para de se defender, e então acabamos sendo atingidos, feridos e tal. Eu vou admitir, você me lesionou, mas assumo que permiti e nem sei por quê. O mais engraçado disso tudo é que não dói, apenas me mostra que temos tudo às nossas mãos e não seguramos, pois ainda não estamos preparados e temos medo. 

Então vamos continuar fugindo uma da outra? Será essa a solução? Um dia você corre, outro dia eu corro e de repente, lá na frente, num desses encontros casuais, nos esbarremos, nos atraquemos e voltemos a sucumbir diante do nosso desejo mais uma vez. Eu acho mais gostoso assim. Mas pode ser que ele passe, que o tempo esfrie tudo e congele os nossos sentimentos, mas eu não tô nem aí. 

O que torna as coisas especiais entre nós, é o fato de não nos programarmos para nada, ficamos a mercê do acaso, do destino e assim somos domadas.

Você às vezes me dói como um espinho venenoso, me adoece, mas meu organismo já aprendeu a lidar com seu veneno. Minha cicatrização hoje é bem mais rápida... 


E o que devemos fazer agora? Nada. Nada mesmo, pois os atos atropelam as histórias. Não estamos aqui para construirmos nada, apenas queremos aproveitar o que já temos... De alguma forma estranha, nos temos, mas não podemos e assim segue. 

Sem melodramas, sem bla bla blas, sem mimimis, eu gosto das coisas assim... E vamos parar de aumentar os acontecimentos e super valorizar situações. Não somos mais crianças, ou pelo menos não deveríamos mais ser. 

E o que eu sinto, não mudará, só vai mudar quando eu quiser...

Desta vez a culpa não foi sua, foi do castigo em que coloquei meus olhos, eu lhes castiguei olhando para você.


Até breve...


Mas cá entre nós, eu realmente gosto de ti... E lembre-se, somos as perfeitas vira-latas dessa cidade... 


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