segunda-feira, 20 de maio de 2013

Quinquilharias suburbanas e fetiches lancinantes...



Destituída.
Desambiguada, concisa, mas absolutamente longe de entender as coisas que seguem assim.
Briguei com as palavras tentando buscar uma frase que me dissesse o que significa tanto tempo de silêncio, de discordância, de tanta distância, o vão que segue entre nós e se dilata, se encrespa e ferve por trás de nossas nucas.
Ainda sinto o vento frio que chega de você aos sábados de manhã.
Eu lembro que você não quis me abraçar, mas me abraçou mesmo assim e não conseguiu mais ser a mesma.
Toda carne, todo sacrifício que acorda e dorme conosco, plantam histórias que assustariam demônios. Ainda não aprendemos a lidar com nós mesmas e ficamos à margem da esquisitice.
Há um pote de sobriedade que é colocado todas as manhãs perto de sua cabeceira, para que você lave seus pés e se sinta capaz de começar seu dia limpa, de baixo para cima, assim, sentindo do chão o que não vem do céu.
Além de um mar de incoerências, conjecturas, suspeitas, especulações e dúvidas dos mais variados tipos, existe eu, avessa às tonalidades clichês que insistem em colorir o mundo.
Talvez por isso o mundo tenha me presenteado com você, a fim de me fazer adquirir ojeriza ao esquizofrênico, ao inveterado, incomum, irracional e bêbado.
Teu corpo ébrio, seus olhos de ressaca e sua voz lisérgica sempre me afastaram temporariamente da realidade inconsciente que sempre dormiu e fez amor comigo diariamente.
Minhas derrotas conversavam com meus farrapos toda segunda-feira pela tarde, enquanto eu fingia dormir e abraçava o lado abstrato da minha paz.
Havia um intervalo sutil que podia com pequenas dobras se limitar e trazer a mim tudo o que mais quisesse, menos você.
Foi quando então eu desisti de desejar, de cobiçar, pedir e querer manter a ânsia, a divindade de almejar pessoas.
Caí em mim, caí em ti, caí em nós e fui imediatamente engatinhando para o lugar mais seguro que encontrasse: meu passado empoeirado, cheio de correntes, hospedeiros, parasitas e vírus soltos pelo ar.
Não vi a alforria, eu vi as algemas de um calabouço meu e seu.
Variava de dia para dia, de semana para semana, mas no fim das contas era sempre a mesma coisa.
A contradição das evidências começavam quando jurávamos que não faríamos, que não seríamos e por fim acabávamos fazendo e sendo, sem querer.
A (in) voluntariedade de nossas ações no deixaram diante de feedbacks que nunca desejamos ter (talvez).
A lucidez mórbida que se jogava sobre nossos corpos e cabeças pensantes, se disfarçava de receio e assim, hesitávamos nossos impulsos sempre que nos encontrávamos atentas ao impacto de nossas colisões.
Vinte e quatro anos de estratégias falhas, frustradas decisões que por fim se desculpavam comigo pelos deletérios que causavam.
As massas que escorriam feito um líquido gelatinoso, vinham das beiradas da entrada de sua alma. Eu lembro que quis respeitá-la, mas quando lhe respeito, desrespeito a mim mesma e eu sempre preciso escolher por mim.
Ninguém lhe quer ali, mas você pega e vai. É bem assim.
Então lhe alcanço, seguro o seu braço com bruteza e lhe trago de volta ao seu lugar, que curiosamente também é extremamente próximo ao meu lugar.
O sexo une as pessoas e afasta as imortalidades.
A chave de todo o sangue e de todo o vício foi jogada na frente de libidos que ainda não sabiam ao certo a hora de se retirar.
A vergonha então quis dizer sua opinião e foi relevada.
O caso é que não houve mais intercessão. O mal já havia sido feito, cálices quebrados, dívidas impagáveis, olhos que de tão molhados esboçavam um verde limo e ciclos inesgotáveis.
Sentiu qual é a grande esfera do dragão, a bola de fogo que queima, incinera, carboniza as emoções?
Nós somos os dragões e destruímos tudo com nossos atos.
Será que haverá uma fênix? Uma ave que renasça do nada que deixamos, deste resquício de afeto?
Não posso ficar para saber a resposta, mas nos encontraremos no final.
Há uma luz que irá nos escolher e nos guiar até o fim.
Então fuja, suba, se esconda e não me conte onde está, pois se lhe encontrar antes da hora, você sabe que não vai conseguir evitar de estar mais uma vez comigo.
Somos feitas da mesma argamassa fajuta. Embarcamos em planetas e acenamos para satélites assim.  

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