sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Fera ferida

Acabou?

Assim como a chama que apaga e deixa aquele resquício de fogueira para mais tarde... Mas quem vai garantir que o fogo volta? Ela não vai voltar...

Era a transformação da euforia em algo suave, mas absolutamente extasiante, que me fazia entrar em estado de transe, numa espécie de epilepsia que só eu e ela poderíamos experimentar e testemunhar respectivamente. Talvez ela não tenha se dado conta do que fez, mas ela visitou meu interior e deixou algo lá dentro, perdido, que vaga até hoje. Acho que ela deixou algo que pertencia a ela e talvez ela não sinta falta. Não vai sentir agora. Nos transformamos em uma só. Fato. Mas ela é feita de muitas ramificações estranhas, ela não tem um acabamento exato e vive aos pedaços, sem uma definição clara. Ela deve viver se desperdiçando por ai. Ela não se guarda. Um dia ela vai terminar por falta de si.

Lembro que era como uma briga de mundos opostos que precisavam e buscavam a mesma luz e não podiam existir em conjunto, mas separadamente ardiam. Os mundos se machucavam, não se amavam, mas não podiam descansar em planos separados. Eram mundo incompatíveis e dependentes um do outro.

O corpo, a carne, o sangue, o encontro, era tudo explosivo demais, carnívoro demais. Havia muita dor concentrada, muita dor transformada em prazer, em excitação carnal, em orgasmos contínuos e incansáveis; as expressões faciais, as contrações internas, o suores se encontrando. A altura da temperatura dos corpos, era a febre, era um vulcão em erupção. A lava escorria pelos caminhos, pelas vias de ambos os corpos. Fomos transformadas naquilo que somos hoje: rochas.

Era o coito das rosas, eram pétalas de rosas que roçavam incansavelmente uma na outra, gineceu com gineceu e tais rosas eram espinhosas, expeliam veneno e se machucavam, enfraqueciam, fortaleciam-se, enfim, viviam como flores selvagens e entregues. Mas eram entregues ao momento.

O extremo era quando não mais conseguia-se controlar o apogeu de tanto prazer e aquela sensação dominava todo o corpo, toda a mente e mãos e pernas, não tinha-se controle, apenas trabalhava-se instintivamente, podendo trazer o prazer ou o caos. Ainda não sei bem o que fizemos.

Sei que uma vez quis matá-la. Quis dizer no ato, responder a todos aqueles estímulos da maneira mais definitiva. Quis dar a ela tudo o que ela estava me dando.

O que era aquilo?

Ela se pintou nas cores do meu sangue, escreveu sobre os meus lençóis que éramos feitas do mesmo material, material esse que é de péssima qualidade, mal acabado e facilmente encontrado nos subúrbios da vida. Éramos o ponto mais ínfimo uma da outra. Éramos a personificação da sarjeta.

Ainda não me esqueci. Todos os dias as lembranças desse carnaval que jogava confetes e serpentinas em nossas avenidas, vem me visitar e dizer que eu sou tão suja quanto ela.

Talvez tenha me conhecido mais a partir dessa relação, talvez tenha visto algo em mim que nunca tivesse visto antes, o meu passado. Quem eu fui, apareceu de uma só vez na minha frente e lançou-me aquele sorriso cínico, sádico. Eu merecia tudo aquilo.

A mesma espécie.


Aprendo a separar o joio do trigo, o coração do corpo, o afeto do prazer, o amor do gozo.

Que venham mais erupções...

Vênus ajudou e Mercúrio fez a sua parte...


Sou um animal sentimental...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Não pode. Não quero. Não vai.

E se for?

Tenho medo que seja. Tem cheiro de flores pela manhã e de morte pela noite. Não pode chegar, se instalar, se infiltrar em minha vida e deitar no sofá, como se fosse hóspede. Não quero mais aqui! Isso tem que residir em outras veias, em outros braços, em outros corpos, outras almas, e obviamente em outro coração, pois o meu não mais deixará tal sentimento fazer casa em seu interior.

O tempo passou, outros dias chegaram. Eu vi um sol mais quente, mais reluzente, vi outras faces mais vivas, mas ainda me senti como a mesma pessoa.
Como me achar? Não sei.

Será que não acabou? Será que ainda há resquícios, pendências? Não cabe a mim trazer isso de volta, mas e se for para voltar? E se o seu lugar for aqui, dentro de mim, se for parte de mim? Se for eu? Não posso ficar sem mim, esparramada, pela metade, anêmica. Eu preciso do complemento. Não quero que o meu complemento seja aquilo. Não mesmo!

Estava tão longe, ou se estava perto, parecia estar dormindo em sono profundo, em plena letargia. Por que ousaria acordar agora? Esse sentimento é sonâmbulo, pois dorme e vive em movimento, caminha, se comunica, mas não está consciente e isso tem salvado os meus dias.

Não venha bater em minha porta e reabrir a minha cicatriz! Fique bem longe de mim!

Vou dormir de luz acesa, pois eu tenho muito medo desse escuro que vive dentro de mim. Esse escuro se chama "meu eu".

A briga dos anos, do tempo que passou e não levou. Talvez tenha levado, mas não levou tudo. Ainda dorme aqui, ainda acorda em mim. Não houve o óbito, apenas o coma. Estava em coma. Preciso que esse coma permaneça até o fim. Não quero mais viver isso. Tempo demais. Três anos é tempo demais...

Está fazendo falta, mas o que é?

Estou com saudade de algo ou alguém que não existe. Preciso quebrar minhas paredes e descobrir o que me espera do outro lado...

Há muitos monstros, muitos inimigos, perigos, mas também há os abraços e os sorrisos.

Eu busco aquela, a única exceção...

Ela.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Os olhos magoados da terra...

Que brisa... Que sol... Que lua...

Em dias em que o nada consegue explicar o que parece ser tudo, vejo meus olhos sem multidões, mudos...às vezes tudo é claro, às vezes tudo é escuro...
A calda desse cometa vai se despedindo....

Cores que nos mostram a cara das estações....

Corações a mil... Acelerados por excessivas sensações.

Triste, triste terra! Chora todo dia pela paz e pela guerra. Sozinha e vazia, inteira e em eterna espera. É por baixo que ela impera. Ela fica e nunca se leva...

Ela fica assim...longe das coisas que flutuam...

Mais um dia...Mais uma noite...Enfim eu e você.

Passei...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Eu gosto é do gasto...

Estou no escuso, no limbo, no beco aspirando miasmas, vendo a podridão e a gangrena da multidão que ali se escora. Eu estou me vendo ontem e estou me vendo agora...

Estou no limite do desassossego, do impossível, do tridimensional, do invisível e do visceral...
Busco razões, mas não as quero explicadas, busco relações, mas não as quero adulteradas, eu quero sim e não quero não...

Não me entendo...

O meu apego, o meu sentimental, meu desespero é precisar me estabelecer com o mal, para tirar de dentro de mim tudo o que é do bem...

Eu gosto do gasto, do estranho, do imundo, do caolho, do impulso, do estragado, do doente. Me encanto pela sujeira, pelos vícios, pelo lado negro. Preciso, preciso e preciso! Preciso do que não presta, do que tem sangue ruim.
Sou criminalmente apaixonada pelo imoral, pelo difuso, discriminatório. Eu gosto da periferia, gosto do esgoto, do mal mastigado, do lambido, do torto, das linhas paralelas. Eu gosto das insanas, gosto das profanas, sanguessugas e gosto delas, gosto de matar a minha sede em águas contaminadas.

Eu sei por que, eu sei! Eu preciso perder a minha pureza, deve ser e se não é, deve ter um outro por que...

O coração? Esse já não fala mais aqui, está fora de combate. O coração precisa dormir, precisa de disfarces,  mas não tem poder algum, eu garanto.

Estou escondida, estou à mostra, estou submetida, estou de costas, mas não estou esquecida e nem indisposta, apenas um pouco envelhecida e imposta.

- Terás paz, terás prazer. Terás mais dias de sol do que seus olhos e sentimentos poderão ver, mas terás calor, terás luz, é só abandonar essa cruz e começar enfim a viver. - E foi assim que comecei a existir, deixando de ser quem não era.

Menina boba!


Dentro de mim, tudo, fora, um mundo...

Não deixe de querer, apenas não insista em pensar. Jogue o que não presta fora e vá embora. Há uma colheita que te espera. Vida nova. Vida certa.


Eis o ciclo....

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vou mais além, não bebo dessa água...

- Linda, vem ver como o sol sai lá fora! Vem ver! Tudo de bom que começa, antes tem que ir embora. A gente se despede às pressas, mas depois reencontra quando chega a hora... -

Eu vejo meu céu de recompensas, mesmo quando estou cercada por derrotas. A vida às vezes age com violência, mas nos afaga e nos mostra a glória. Lamentar-se nunca trouxe aos mais frágeis a força e a redenção. O sofrimento traz sabedoria, continuidade e dimensão.

Lembrar faz bem, mas se a recordação cria edemas, é melhor lembrar de esquecer aquilo que ainda não tem perdão. O que dói não é a ferida, não é a lesão, e sim o tempo que se dedica da vida para quem muito bem não sabe usar o coração.

Trazer consigo um sorriso reserva, renova o que já automaticamente é considerado como perda, instiga novas intenções, expectativas e nos fortalece para outras experiências e amargas lições. 
Ninguém está isento de se perder em selvas infestadas de leões, mas o desafio, a luta e a sobrevivência são o que dão o crescimento e o dia após o dia...

Calarei-me, mas não deixarei de trabalhar minhas palavras internamente. 

"Os sonhos vem, os sonhos vão. O resto é imperfeito..."


A gente nunca perde algo que nunca teve. Se saiu de perto, é porque não suportou a nossa luz. O escuro foge da luz. 

Não deixo pra depois, apenas guardo para mais tarde....

domingo, 6 de novembro de 2011

Somos soldados pedindo esmolas.



Tanques, bombas e uma iminente guerra.

A pergunta é, quem é o inimigo? Contra o que ou quem lutar?
A resposta é clara, é óbvia, mas não é tão compreensível aos desavisados.
A guerra é contra mim mesma, o conflito, a destruição, o bombardeio é contra mim.
Não me vejo propriamente como inimiga, mas sim como o outro lado, o oposto do que eu deveria ser.
Quero me respeitar mais. Quero me olhar mais, me escutar mais. Quero chegar em um consenso comigo. Só que eu tenho um defeito. Eu sou teimosa. Eu sou virginiana demais e faço as coisas muitas vezes por impulso e ultimamente meus impulsos têm sido instigados pelo meu coração, ou pelo menos é o que parece. Na verdade, meu coração está um tanto calado, pois acha melhor não dar sua opinião por hora. Ele sabe o que fez, ele sabe que teve participação nesse caos em que me encontro e não quer se acusar e nem se defender.
Mas dentro do contexto bélico que aqui citei, eu quero poder me enfrentar mais impavidamente, sem recuar, sem hesitar, sem tentar erguer a bandeira branca.
Se precisar, passo noites, dias, meses em trincheiras para me esconder e permanecer neste campo de batalha, dando vida a este conflito. Quero me vencer e me fazer prisioneira, mas quero me prender para me sentir livre.

Ela dá voltas no mundo, destrói as minhas estradas, inflama minhas feridas, passa por cima do meu orgulho, me apunhala, me úlcera e vem sorrindo como se tivesse acabado de me conhecer. Ela é o diabo. Ela não tem chifres, ela não tem rabo. Mas posso dizer que ela quer a minha alma. Ela quer me condenar ao fogo do inferno. Ela quer me condenar à danação eterna. Ela quer me condenar a ela.
Ela me procura quando todas as portas fecham em seu rosto. Sou sua última chance. Sou o que resta. Sou a derradeira. A que fica esperando. Sou seu gole d’água quando todos os oásis do deserto se mostram secos.

Estou lutando contra mim para não mais ter que enfraquecer diante das tentações desta inimiga. Para muitos, o mais certo seria lutar contra ela, mas é fato que seria uma luta perdida. Quem precisa ser vencida sou eu. Eu é que preciso ser derrotada e não mais fazer o que não devo. Se eu não me vencer, eu morro de amor. Se eu permitir que ela venha e me invada, eu perderei a dignidade e o meu coração. Estou à beira do abismo. Escolho se pulo ou se volto pra casa. É burrice pensar que a uma altura dessas adquirirei asas:
 - Não, sua estúpida! Você não vai voar! Acovarde-se hoje e tenha a maior das coragens amanhã! Não se jogue em algo que você não vê e conhece, se sabe que lá no fundo a superfície irá te machucar provavelmente até a morte. – A minha voz interior quis me salvar.

Talvez não precise desta batalha contra mim, talvez não precise haver tanto derramamento de sangue para que eu viva. Mas eu tenho que aprender a medir tudo a minha volta. Preciso me lembrar da sábia frase do Dr. House: “Todos mentem”. A mentira dói, mas mostra quem são as pessoas. Então tudo tem seu lado positivo. Até um câncer pode ser positivo de alguma forma.
Vou me enfrentar, mas serei justa comigo. Seremos amigas e não permitiremos
 que pessoas com deformidades na volta do coração e no caráter, venham outra vez transformar em cemitério o jardim que tanto tempo levei para construir. Deixem minhas rosas, pois elas sentem o mesmo que eu!

 Eu vou com tudo. Que vença a melhor parte de mim!


“Se quer paz, prepare-se para a guerra.”

(É tudo interno e acaba se refletindo no externo)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

E quando eu for embora, não, não chores por mim..



Num dia como hoje, onde qualquer paisagem tem seu valor e sua história, a minha vontade era a de apenas me esconder entre as flores, entre os matos, as árvores, os jardins... Colecionaria outros tipos experiências, adquiria outro tipo de conhecimento, diferente do que já possuo. Talvez saiba demais, algo que não me interessa saber. Talvez já tenha vivido e visto de tudo e isso instiga a minha demência. Quero apenas ter o privilégio de viver e não pensar em mais nada. O excesso de perturbações e ideias tem alimentado e muito a minha vontade de fugir. Todos os que se aproximam de mim, acabam sempre levando mais do que me trazem. Estou ficando enfraquecida, desfalcada, doente e só. Não tenho mais pesadelos, nem fobias estranhas, mas também não tenho sonhado e nem alimentado nada que me faça almejar novas explosões em minha vida. Queria apenas não estar mais aqui, queria apenas não ter mais que me preocupar com aquilo que me machuca. Estou lado a lado com o espinho que me fere e ele apenas diz querer fazer sua parte e cumprir seu papel. Todos estão no lugar que deveriam, menos eu. Não cumpro o meu papel e por isso, talvez não devesse permanecer aqui, nesta história sem sentido. Preciso começar tudo de novo. Se é que algum dia teve início. Enfim, se agora não é hora, depois também não será. É no mais amargo dos dias que encontramos a doçura em nossos lábios. Deve ser isso. Preciso acreditar que é. Estou deixando, estou permitindo. Sem loucuras, sem extravagâncias, sem dormências, sem covardias. Deixarei ser o que é, mas também não ficarei na espera. Venha quando vier, o que vier e seja bem vindo! Nada mais me trava...estou vendo tudo e com os olhos fechados pra não ficar cega...

Que assim seja...

Estou de volta e é como se nunca tivesse saído. Adeus férias. (Ela está de volta)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O corpo governa a mente ou a mente governa o corpo? Eu não sei...



Traz o espelho!
Traz a luz!
Traz de novo o sorriso!
Traz o contorno dos meus olhos!
Traz meu nome!
Traz minha liberdade!
Traz o meu velho!
Traz o que eu era!
Traz a estrada!
Traz os anseios!
Traz o seu corpo!
Traz a vida!
Traz a escada!
Traz os gritos!
Traz arranhões!
Traz as mordidas!
Traz os medos!
Traz as incoerências!
Traz as incompatibilidades!
Traz as excentricidades!
Traz as metades!
Traz os abraços!
Traz os beijos!
E vê se volta pra mim!

"Se fosse só sentir saudade...Mas tem sempre algo mais, seja como for..."