Quando amanheceu um dia desses, eu vi no céu vários sorrisos, vi nuvens e vi espelhos. Como explicar a ausência que senti? Eu vi o mais belo e não te vi. Gostaria de ter esperado mais, gostaria de ter tentado, mas quem iria cuidar de mim depois? Eu já não conto com o mesmo suporte de antes. Eu ando caminhando há tempos demais e não chego a lugar algum. Há quem diga que o caminho certo quase nunca é encontrado, mas sim vivido. Eu estou vivendo algo e não sei bem apreciá-lo. 
Ela anda por aí, caminha dias, vaga por estradas e não entende seus passos, eu sei. Eu queria poder fazer algo, queria poder dar outro sentido à realidade dela, mas quem disse que ela quer? Ela ainda não abriu os olhos, ela está presa dentro de um túnel e ninguém pode tirá-la de lá, só ela mesma. Ela é tão linda, tão rainha, tão impávida, tão crescente! E me encara como sua inimiga mortal, como uma doença contagiosa, como um cavaleiro do apocalipse. Eu estou aqui, de braços abertos, de olhar fixo nela e pensamento constante e isso ela não pode ver. Me explica ,vida, então, porque ela só se joga para quem corre dela, porque ela persegue aquilo que não a quer? É esse o ciclo, é essa a jornada e nada mais? Tropeços, empurrões, escoriações, lesões, fome, muita fome e quase nenhum prazer? Acho que a nossa satisfação vem do fato de nunca estarmos satisfeitos.
Eu queria um dia inverter todos esses sentimentos e multiplicá-los por novas emoções e talvez assim, nascesse um novo mundo, com pessoas menos amarelas e mais reluzentes. Está tudo fosco demais. E que olhares cinza eu encontro em meu caminho! Será que ninguém mais enxerga o mundo, será que ninguém mais encara o mundo com a alma? Será que a apatia se tornou algo tão perverso em nosso cotidiano que nada mais exprime vida? Os sonhos foram alterados, dormimos para não ficarmos acordados e só. Os sonhos se transformaram em pesadelos e eu já não tenho mais lágrimas para chorar. Eu forço um choro, bem baixinho, bem recolhido, bem tímido e ainda assim, eu consigo sentir. 
Eu encaro minha humanidade como um privilégio de não abrir mão de existir e viver respectivamente. Eu estou aqui e não abro mão de estar, nem quando minhas ulcerações internas começam a me devorar. Eu só queria poder voar, mas queria voar no céu dela, apenas viajar meses, desaparecer vidas, e esquecer o que aqui não é tão bom. Ela faz isso comigo e queria poder fazê-la sentir o mesmo. E ela nem fala mais comigo, e ela nem me escuta mais e nada eu fiz, apenas aceitei gostar dela sem evitar. Que atire a primeira pedra quem nunca gostou de alguém que precisava ser gostado. Eu gosto como eu gosto e vou ficar gostando, pois eu quero e me importo. O que ela pensa é problema dela. Com os dias que virão, ela vai aprender que nem tudo na vida dá para controlar, mandar e mudar. As coisas são como elas têm que ser.
"Eu sei por que você fugiu, mas não consigo entender..."

vc é mto foda!
ResponderExcluirvc escreve a profundidade, o que há atras das palavras, escreve o que nem chegamos a pensar.
pô, vc é foda!
Sublime!
ResponderExcluirBom de ler, suas palavras não nos permitem pisar o chão, isso seria um 'incesto'! Flutuar! Isso sim, cada linha e entrelinha faz com que sua mensagem chegue lá, bem no fundo, quentinho!
Sublime!
E como todo aquele que escreve, é bom poder nos encontrar um um pouco de sua poesia!
Salve as palavras!
Grande abraço!